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Outros lados do caso "bela, recatada e do lar"

  • Marjorie Bock
  • 28 de abr. de 2016
  • 2 min de leitura

Na última semana, a revista Veja publicou em seu site uma reportagem sobre a esposa do vice-presidente da República Michel Temer, Marcela Temer. O texto, que apresenta um teor biográfico, já manifesta, no título a visão da revista sobre a vida de Marcela: uma mulher bela, recatada e do lar.

Marcela é apresentada como uma mulher discreta, empenhando as horas de seu dia a cuidar da casa e do marido. Os bombardeios de opiniões envolvendo política e feminismo tomaram as redes sociais, a maioria delas em tom de deboche com a publicação de fotos com legendas que dão título a matéria a fim de auxiliar na luta pelo empoderamento feminino.

Em um cenário de crise política e econômica, inúmeros assuntos polemizam principalmente nas redes sociais. A liberdade de expressão gerada através do fácil acesso à internet dá voz a todos os tipos de opiniões em diversos tons. Agressivos, pacificadores, extremistas ou de conscientização, milhares de textos são divulgados diariamente nas redes.

O ano de 2015 foi marcado por vários discursos e maior espaço para o movimento feminista nas redes sociais. Campanhas, hashtags e denúncias trouxeram o protagonismo do público que se empenha pelo movimento social cuja luta é por direitos iguais dos sexos. Assim, o texto da revista Veja revoltou e foi usado como forma de manifestar a indignação nas redes.

A acadêmica de Direito da Universidade de Passo Fundo (UPF), Maria Alice da Luz Cunha, se pronunciou em suas redes sociais de forma contrária à publicação da revista. “O sentido do bela, recatada e do lar não foi um sentido positivo, foi em um sentido machista. O bela levou o sentido de que pra ser bonita precisa ser loira, magra, alta, o recatada deu o sentido que precisa se "dar valor", que fica calada, não "incomoda" o marido. E do lar, aquela velha história de ficar cuidando da casa e dos filhos”, comenta.

Em contraponto, várias mulheres também expressaram suas opiniões de forma online, no sentido de que ser dona de casa não é uma tarefa fácil, e que a Veja retratou isso de forma errada, apresentando Marcela como um esterótipo padrão para todas as mulheres.

Ana Louíse Diel, acadêmica de Jornalismo da Unijuí, se apresentou contrária às manifestações das redes. “Uma mulher que fica em casa, cuidando da mesma e dos filhos, não é menos do que uma médica, uma professora, uma advogada, uma vendedora entre outros. Muito pelo contrário, em casa também há muito trabalho a ser feito. Acho ridículo quem pensa que só porque a mulher não tem um trabalho fora de casa ela não faz nada”, ressalta.

Sobre esta discussão que permeia não só o universo feminino, a psicóloga, Ana Gressler, explica: “as mulheres lutam por uma independência e valorização social, mas não sabem lidar com isso pois o machismo continua muito forte ou até mais que antes por muitas vezes exercerem duas funções: do lar e do trabalho”. Certamente que a cultura de uma sociedade demora a efetivar mudanças, é necessário ainda muito debate em torno destas divergências de opinião. Por isso mesmo é que elas continuaram ao longo da semana


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